Porque tantos funkeiros mudam de nome artístico quando assinam com uma grande gravadora?

Publicado em 02/07/2019 23:45
Publicidade

Carregando...

Não foi possível carregar anúncio

(POR GABRIEL VAQUER)

Acho que todos reconhecem o quanto o funk brasileiro quebrou preconceitos e paradigmas nos últimos tempos. Depois do sertanejo, foi o ritmo que mais bombou nas rádios e nas paradas de streaming. Além disso, virou uma ótima vertente do pop nacional, tão judiado nos últimos anos. Mas parece que as grandes gravadoras ainda tem o seu preconceito com o ritmo vindo das favelas do Rio de Janeiro. 

Publicidade

Carregando...

Não foi possível carregar anúncio

Quem já acompanha a cena funk de algum tempo, percebe que alguns artistas que se destacam bastante acabam mudando muito quando assinam com uma grande gravadora. E o que assina essa mudança é a assinatura do nome artístico. Muitos deles deixam de carregar a cunha de MC (mestre de cerimônia, muito famosa no funk).

VEJA TAMBÉM: Marília Mendonça quebra recorde de Anitta no Spotify Brasil

E não são poucos os exemplos. Anitta quando assinou com a Warner tirou o MC. Mais recentemente, os ex-MCs Kevinho e Pocahontas, assim que assinaram com a Warner Music, também tiraram o MC de suas alcunhas. O caso mais preocupante nesse sentido é o de Pocahontas, que tem feito um trabalho muito bom nos últimos tempos, criando uma tendência no funk feminino ao usar o 150 BPM (batidas por minuto) em todos os seus hits.

Por algum motivo, a Warner achou que é bom negócio fazer a Pocahontas assinar como POCAH a partir daqui. E a grafia é assim mesmo: caixa alta, em todas as letras. O curioso é que dois clipes já feitos com a gestão Warner na carreira de Pocahontas já foram assinados com o seu nome original.

Nas últimas semanas, a Warner mudou toda a grafia dos clipes nas suas plataformas originais e até o nome de Pocahontas nas redes sociais. Ou seja, ela deixou de lado o que construiu até aqui e vai começar do zero de novo. Talvez porque a Warner acredita em dois pontos simples. 

O primeiro que o termo MC limita muito ao funk. Quem é MC não pode ir para o pop, para o sertanejo ou outras vertentes da música. Anitta é a prova disso. Depois que deixou sua alcunha de MC, virou uma artista bem pop, mas que bebe muito da fonte do funk quando precisa. O segundo é um claro preconceito com o termo MC. Pra muito executivo, o funk ainda é marginalizado. A sociedade não aceita alguém a longo prazo que tenha uma marca tão ligada ao funk. 

Creio que nao deve ser o caso de Pocahontas daqui pra frente. O forte dela é o funk e em entrevistas a nova “POCAH” já mostrou que não pretende abrir mão de suas raízes. E na era da internet, mudar tudo sem maiores explicações assim, deixa claro que existe uma rejeição da empresa ao funk mais próximo das comunidades. Uma pena, Warner. Uma pena, gravadoras. 

Publicidade

Carregando...

Não foi possível carregar anúncio