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As Baías: Estreia solo de Assucena tem meme, hits de Gal Costa e Lula

Assucena Assucena cantou no Sesc Pinheiros neste sugestivo dia de 10 de dezembro

Publicado em 12/12/2021 10:27
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Este 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos foi de festa, protesto e muitos diálogos. Principalmente de diálogos políticos e geracionais. A cantora de 34 anos Assucena (ex-Baías) fez o debute da sua carreira solo no Teatro Paulo Autran em SP após quase dois anos do setor parado apresentando o show de sugestivo nome (como apontou Danilo Santos de Miranda) “Rio e Também Posso Chorar”. O projeto é uma homenagem ao álbum Fatal – Gal a Todo Vapor, de Gal Costa, que em 2021 completa 50 anos. O show integra o Fundo Brasil, que neste ano completa 15 anos de existência com mais de 870 iniciativas de promoção e defesa de Direitos Humanos apoiadas. Segundo a superintendente, Ana Valéria Araújo, apresentou na abertura do evento, ao todo quatro novos editais serão apresentados ao público em breve contemplando também ocupação de espaços cívicos e inclusive, ações ligadas aos Direitos Humanos. Após a abertura findar quem toma a palavra é a própria Gal ou melhor, Jards Macalé seu amigo de protestos na ditadura. “Quem fala que sou esquisito hermético. É porque não dou sopa estou sempre elétrico. Nada que se aproxima nada me é estranho. Fulano, sicrano e beltrano”, recita a baiana setentona provocando: “Quero crer no que vem por aí, beco escuro. Me iludo. Passado presente futuro. Reviro na palma da mão o dado. Presente futuro passado”. As dissaborosas vicissitudes da política então dão lugar às deleitosas celebrações acústicas de Fruta Gogóia que coadjuvantemente dá espaço para Assucena e sua banda majoritariamente feminina ocuparem o palco e fazer um pedido por um amigo sambista exímio que está passando dificuldades. “Toca cuíca, toca surdo e tamborim. Faça por ele como se fosse por mim. Até muamba já fizeram pro rapaz. Porque no samba ninguém faz o que ele faz”. Em seguida, Assucena canta e conta as anedotas duma relação presa a imbecilidades: “Quantos idiotas vivem só. Sem ter amor. E você vai ficar também sozinha. E eu sei porquê. Sua estupidez não lhe deixa ver. Que eu te amo” dispara e em seguida a solista faz seu discurso no limiar do espetáculo: “Eu tô perdendo minha virgindade hoje com vocês” admite a ex-Baías para em seguida fazer uma outra confissão em forma melódica: “Tudo é igual quando eu canto e sou mudo. Mas eu não minto não minto“. Tudo estaria tão certo, ali naquele momento, que Assussena canta que “Tudo em volta está deserto tudo certo. Tudo certo como dois e dois são cinco” para em seguida sugerir que esta conta tão errada ela enviará a um fascistinha que roubou o Planalto e “para o Guedes“. O manifesto termina com uma divertidíssima referência viral à eterna Lady Kate do Zorra Total, a atriz Katiuscia Canoro: “Brasil que merda hein Brasil. Que merda”. Após a galhofa doutrinadora memística, Assucena versa sobre a importância da expectação: “Meu coração não se cansa. De ter esperança. De um dia ser tudo o que quer. Meu coração de criança. Não é só a lembrança. De um vulto feliz de mulher“. Intimista e cheia de sutilezas, o momento mais dramático do show vem com uma composição de Luiz Gonzaga em Assum Preto contando a história duma ave que perdeu a visão após seu dono lhe deixar cega para ela cantar melhor. O momento denso é substituído por um convite da musicista resgatando a promessa em tom de alerta que os LGBTQIA+ fizeram nas eleições 2018: “A gente prometeu que não ia soltar a mão de ninguém então a gente vai sair dessa fossa juntos”. Um sambinha recai sobre o teatro enquanto Assucena parece bem confortável no papel da rainha de roda samba daquela que poderia muito bem ser a primeira rodinha do Sesc Pinheiros em muito tempo. “Bota a Mão nas Cadeira Menina faz favor de mexer”, pede a artista para em seguida começar a recitar cantarolando as sílabas do nome de Maria Bethânia para depois parafrasear Paulinho da Viola numa canção que nunca esteve em Fatal. “A razão porque mando um sorriso. E não corro. É que andei levando a vida. Quase morto”. Logo depois, Assucena confessa “Eu não sei como eu sou louca de ter topado fazer esse show, porque não foi fácil. Não tá sendo fácil, mas eu tô muito feliz, porque é sobre uma das obras mais importantes da música brasileira, um dos discos mais importantes do mundo. É sobre um disco que me foi fundamental e que me fez ser esta artista que eu sou hoje”, revelou sugerindo que decidiu fazer algo pela obra ao ver que ninguém estava fazendo nada pelo cinquentenário. “Nem a Gal tá fazendo porra”, brincou ao fim arrancando risadas da plateia. Em seguida, a artista traça um paralelo sobre as rasuras expostas por Fatal com o fim do Ministério da Cultura e o setor sendo rebaixado à Secretaria no atual governo. Na reta final do espetáculo, Assucena emenda os versos de “Não Se Esqueça De Mim”, “Mal Secreto”, “Pérola Negra”, “Hotel das Estrelas” e por fim, Assucena ostenta toda sua tessitura de agudos na otimista “Luz do Sol”. “Quero ver de novo a luz do Sol“, canta a artista para encerrar o momento fazendo um L com a mão. “Vão dizer que é mensagem subliminar mas eu quero ver de novo a luz do Sol”, dispara arrancando efusividades da plateia. Por vezes, parecendo usar seu violão colorido como arma, Assucena demonstra disposição para lançar alguns feixes de luz sobre o público ao usar seu violão colorido mágico para espalhar esperança pelo teatro. Resgato ao fim dessa narração, uma máxima dita por Assucena logo na abertura do espetáculo. “A gente saiu de cena por respeito à vida e a gente volta à ribalta, ao palco, em respeito a essa mesma vida”.

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Confira o setlist abaixo:

Antonico

Sua Estupidez

Como 2 e 2

Coração Vagabundo

Assum Preto

Bota a Mão nas Cadeiras

Para um Amor no Recife

Não Se Esqueça De Mim

Mal Secreto

“Pérola Negra”

“Hotel das Estrelas”

“Luz do Sol”

Dê um Rolê

Uma Canção Pra Você

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