Coronavírus: mãe de pagodeiro morto não conseguiu ver o corpo do filho

Publicado em 25/03/2020 00:27
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A mãe do músico Gabriel Martinez, de 26 anos, morto com suspeita de Covid-19 no último sábado (dia 21), deu uma entrevista em tom de alerta para o portal G1. Maria Aparecida Martinez, de 54 anos, lamenta que o filho não tenha sido testado antes e tido a chance de receber o tratamento apropriado. A matriarca também pediu aos jovens e a todos os cidadãos que permaneçam em quarentena neste momento delicado envolvendo a segurança pública mundial.

“Dói muito não ouvir a chave do meu filho na porta quando ele chega do trabalho. Nem o corpo do meu filho pude ver, o vi durante dois minutos, não pude tocar, nem pude me despedir. Só tenho forças para conversar com a imprensa porque quero alertar para que as pessoas saibam que o vírus não mata só os idosos ou as pessoas com doenças. Meu filho era saudável, nunca entrou em um centro cirúrgico, fez um check-up há um mês e meio e não deu nada“, revelou a matriarca.

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A mãe de Gabriel também recomendou aos jovens que se conscientizem neste período de isolamento social e permaneçam em casa.

“A gente está à mercê destas determinações, você não pode obrigar o médico a fazer, você não consegue testar particular. Eu digo pra todos que tomem muito cuidado, não são só idosos, não são só pessoas debilitadas. Jovens, fiquem em casa e se protejam. A falta de diagnóstico matou meu filho e vai matar outros”, afirma.

Gabriel Martinez morreu na madrugada deste domingo (dia 22) no Rio de Janeiro com sintomas da coronavírus, de acordo com amigos e familiares. Pagodeiro e membro de um grupo do gênero, o jovem era portador de bronquite e passou a apresentar sintomas do vírus na última segunda-feira (dia 16). O artista procurou atendimento médico, porém não realizou exames e recebeu somente orientações para se tratar em isolamento. No sábado, seu quadro acabou piorando e ele foi internado no Hospital Badim, na Tijuca, onde acabou falecendo horas depois.

Desde a manhã do último domingo (dia 22), mensagens vêm se espalhando nas redes sociais sugerindo um suposto falecimento em decorrência da covid-19, o que indicaria o primeiro caso de um jovem, no Rio de Janeiro. Muitos amigos de Gabriel foram até seu perfil no Instagram buscando maiores informações e lamentando a morte do pagodeiro. Informações sobre o caso foram publicadas inicialmente pelo jornal O Globo.

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Na última segunda-feira (dia 16), o pagodeiro teria começado a sentir febre e forte tosse e por causa dos sintomas buscou atendimento médico, de acordo com os amigos. Porém, o jovem não chegou a ser testado para o coronavírus e foi orientado a somente fazer o tratamento em casa, em quarentena. No último sábado, contudo, o jovem músico começou a reclamar de falta de ar e dores no peito e então foi rapidamente ao Badim. No centro médico, teria sido constatada a presença de manchas em seu pulmão, e o músico acabou não resistindo.

O pagodeiro estudou no Colégio de Aplicação da UFRJ  e cursou faculdade na FACHA. Por ser fumante e apresentar bronquite, o jovem fazia parte do grupo de risco. Amigos relataram também que o músico tinha imunidade baixa.

Integrou o grupo de pagode Deu Liga, famoso por fazer muitos eventos no Barril 8000 do bairro do Méier. O jovem pagodeiro era morador da região, no Cachambi. Em sua última postagem no Facebook ele cobrava que a sociedade passasse a adotar as medidas de prevenção contra o coronavírus, e ficasse em quarentena.

O grupo de pagode emitiu uma nota oficial lamentando o falecimento e apontando que aguardarão os resultados dos exames para saber as reais causas da morte.

Procurado pela imprensa, o Hospital Badim inicialmente respondeu que não informa condições clínicas de seus pacientes e que, sobre as suspeitas da covid-19, ele reportou diretamente todas informações ao Centro de Informações Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde (CIEVS), do governo do estado. Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde também não confirmou o caso.

Posteriormente o Hospital Badim divulgou a seguinte nota:

O Hospital Badim esclarece que no dia 18 de março recebeu em sua Emergência um paciente de 26 anos com sintomas respiratórios agudos. Após avaliação clínica e exames complementares, na ausência de relato de doença pré-existente, e com estabilidades clínica e hemodinâmica, o mesmo foi liberado com prescrição medicamentosa compatível com seu quadro clínico e orientado a ficar em isolamento domiciliar, conforme protocolo determinado pelo Ministério da Saúde. O paciente também recebeu orientações no sentido de manter o contato ou voltar à unidade hospitalar em caso de piora do seu quadro clínico.

No dia 21, o paciente voltou à unidade com piora do quadro de saúde inicial. Após nova avaliação clínica, laboratorial e de imagem, associado a instabilidade clínica e hemodinâmica, foi submetido a suporte clínico intensivo imediato. Entretanto, com todos os esforços, o desfecho foi negativo com óbito do paciente.

Ressaltamos que todos exames de comprovação da doença epidêmica e diagnóstico diferenciais foram realizados e encaminhado aos órgãos oficiais competentes O caso foi devidamente relatado como suspeito para novo coronavírus ao CIEVS. O material de exame para testagem da Covid-19 foi encaminhado para Lacen-RJ. No entanto, só o laudo pode comprovar se o seu falecimento se deu em decorrência do novo coronavírus.

O Hospital Badim ressalta que seguiu todos os Protocolos do Ministério da Saúde e empregou todos os esforços, humanos e tecnológicos, para salvar a vida do paciente. Nos solidarizamos com os familiares e amigos do jovem. Aproveitamos para reforçar a importância de a população permanecer em isolamento social durante o período de contaminação pelo novo coronavírus.

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