Vidente? O dia em que Raul Seixas previu o caos devido ao coronavírus

Publicado em 25/03/2020 23:01
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Uma canção em especial do legendário Raul Seixas vem sendo resgatada nestes tempos de crise. Nessa semana em que países do mundo inteiro estão ameaçados por causa da pandemia do Covid-19, um refrão vem sendo compartilhado a exaustão nas redes sociais e grupos de whatsapp: “O dia em que a terra parou”.

Divulgada no seu álbum de 1977, um dos últimos de sua curta e prolífica carreira, a música dá título ao sétimo disco em estúdio do artista. No mesmo LP que trazia a antológica e autobiográfica “Maluco Beleza”, está lá a suposta profecia do cantor, sobre os problemas causados pelo surto global do coronavírus.

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Na faixa, composta em parceria com Cláudio Roberto, o intérprete descreve com exatidão a crise que 40 anos depois vem causando problemas a diversos países da Europa, principalmente na Itália. A música antecipa também, o que estaria prestes a acontecer nas Américas.

Num texto declamado entre o refrão e a primeira estrofe, Raul afirma:

Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Como que se fosse combinado em todo
O planeta
Naquele dia, ninguém saiu de casa, ninguém ninguém

Logo em seguida, o músico descreve o Estado social em plano estacionário, quando aumentos do capital reduzem o consumo. Neste verso, Raul Seixas menciona também os problemas nas jornadas de trabalho través dos seus profissionais, remunerados ou não, e suas relações de trabalho:

O empregado não saiu pro seu trabalho
Pois sabia que o patrão também não tava lá
Dona de casa não saiu pra comprar pão
Pois sabia que o padeiro também não tava lá
E o guarda não saiu para prender
Pois sabia que o ladrão, também não tava lá
E o ladrão não saiu para roubar
Pois sabia que não ia ter onde gastar

Chegando ao fim, a canção ganha contornos espirituais, sobre alma e aprendizado, pedindo às pessoas que tentem praticar o exercício de reflexão enquanto todos estamos presos em um lugar onde ninguém mais consegue entender o funcionamento:

E nas Igrejas nem um sino a badalar
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
E os fiéis não saíram pra rezar
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar
Pois sabia o professor também não tava lá
E o professor não saiu pra lecionar
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar

Na conclusão da faixa, em uma mudança ríspida, o autor critica as forças do Estado que ao mesmo tempo que aprisiona, cria a doença e acaba cobrando a cura:

O comandante não saiu para o quartel
Pois sabia que o soldado também não tava lá
E o soldado não saiu pra ir pra guerra
Pois sabia que o inimigo também não tava lá
E o paciente não saiu pra se tratar
Pois sabia que o doutor também não tava lá
E o doutor não saiu pra medicar
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar

Naqueles idos tempos também obscuros de ditadura, mas de muitas esperanças, em 1977, mal poderíamos imaginar que, 43 anos depois, a terra iria realmente, parar.

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