A ligação telefônica que acabou salvando Sia de cometer suicídio

Publicado em 04/05/2020 21:14
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Sia Furler geralmente é uma das cantoras mais reservadas quando o assunto é vida pessoal. Preservar sua privacidade é a razão pela qual ela usa peruca em suas aparições públicas, explicando que prefere não ser reconhecida nas ruas e assim ter mais liberdade na vida privada. No ano de 2018, a cantora australiana optou por dar uma entrevista à revista Rolling Stone onde comentou alguns aspectos muito pessoais de sua vida e da carreira.

Quem vê o sucesso da cantora, que chegou a emplacar “Cheap Thrills” em primeiro lugar no Hot 100 da Billboard em 2016, não imagina que Sia enfrentou grandes dificuldades profissionais e chegou a ter sérios problemas físicos e mentais. No início da carreira, ela foi contratada por uma banda e depois, demitida por uma gravadora depois do baixo desempenho comercial.

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Em 1997, Sia perdeu o seu primeiro namorado, um garçom chamado Dan Pontifex, que faleceu em um acidente de carro. “Foi minha primeira grande perda”, comenta a cantora. “Então o que eu fiz foi beber muito, e usar muitas drogas, com os amigos”. As drogas inclusive, eram tema das criações da cantora como a música “The Girl You Lost to Cocaine” lançada em 2008 e cuja letra foi uma das mais difíceis de compôr segundo a artista.

Foi então que veio “Breathe Me” em 2004, que começou a se destacar comercialmente após ser tocada na memorável cena final da série “A Sete Palmos”. Quando a faixa foi reproduzida no dramático último episódio do seriado, a cantora já tinha lançado três álbuns em estúdio, todos sem grande repercussão e sucesso comercial. “Breathe Me” foi o primeiro ponto de virada de sua carreira, mas é triste saber que a artista escreveu seus versos enquanto tentava cometer suicídio com 22 cáspsulas de Valium e uma garrafa de vodka após agravamento de questões de saúde mental.

O sucesso da canção lhe proporcionou certa estabilidade na carreira, mesmo sem grandes hits. Porém, mesmo com a segurança financeira, a sua luta contra a depressão continuou pelos anos seguintes. Por volta de 2010, a artista revelou que costumava tomar muita vodka e que misturava a bebida com calmantes. Na época, no auge do problema ela decidiu se hospedar em um hotel para se suicidar e tomar todos os comprimidos que tinha. “Por favor, não entre. Eu estou morta por dentro. Por favor, chame uma ambulância”, chegou a escrever a artista em cartas endereçadas ao gerentes e aos empregados hoteleiros.

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Antes que ela pudesse sair para o hotel, seu telefone acabou tocando. Sia atendeu e ouviu um velho amigo brincar dizendo: “Squiddly-diddly-doo!”. Era uma brincadeira que Sia costumava fazer, quando era mais jovem e vivia uma fase mais entusiasmada. “Devia ter uma parte de mim que realmente queria viver”, afirmou a cantora sobre o incidente, “porque naquele momento eu pensei: ‘há um mundo lá fora e eu não faço parte disso. Mas eu gostaria de fazer” lembrou. Ao invés de seguir com o plano e ir até o hotel, Sia telefonou para um amigo que passeava com os seus cachorros, um alcoólatra em recuperação. Já no dia seguinte, ela decidiu ir a sua primeira reunião dos Alcoólicos Anônimos.

Foi, então, que veio a segunda virada de sua carreira. “Titanium”, seu grande hit com David Guetta. Os versos da canção eram muito pessoais e tratavam justamente sobre seu fortalecimento e superação na luta contra a depressão. Porém ela estava insegura por poder soar contraditória e até vendida, já que na época nem gostava de música dance e costumava lançar músicas mais intimistas. A faixa que chegou a ser oferecida para Katy Perry e Mary J. Blige,  acabou chegando ao público com seus próprios vocais porém nem mesmo ela sabia deste fato. “Você está cantando no próximo álbum do David Guetta?”, chegou a perguntar-lhe um fã, para sua própria surpresa.

Ela ficou furiosa. “Eu trabalhei tanto para ser uma artista legal e crível”, afirmou. “Finalmente, me aposentei para trabalhar apenas nos bastidores, e então, eu estou com uma música cafona”. No fim das contas, ela acabou ficando satisfeita. A música foi um hit mundial e definitivamente colocou Sia no mainstream. De quebra, a parceria com David Guetta ainda lhe fez ganhar vários prêmios prestigiados.

O ótimo desempenho de “Titanium” acabou fazendo de Sia Furler uma das compositoras mais requisitadas do ramo. Ela até estava decidida a trabalhar só nesta área, mas ainda precisava cumprir contrato com sua gravadora. Você quer outra virada na carreira? Então veio “Chandelier”, que foi o terceiro ponto de virada de sua carreira e catapultou a cantora como um dos nomes mais fortes da música pop.

Apesar do enorme sucesso na indústria musical, Sia acabou não cultivando muitas amizades no meio após o sucesso meteórico de “Titanium” e “Chandelier”. Ao que tudo indica, uma das únicas amizades no mundo da música foi a da cantora Katy Perry que se tornou sua “guru popstar”: “Ela me deu o contato do médico e dum nutricionista que vão até sua casa. Ela me ensinou como ser uma celebridade”, revelou Sia.

Hoje em dia, a australiana ainda continua lutando contra várias doenças físicas que incluem problemas de tireoide, dores no pescoço e nas costas, enxaquecas e fadiga. Mesmo assim, a cantora se mantém forte em sua jornada, depois de tantas lutas. “Eu configurei um modelo onde posso envelhecer”, afirmou. “Você sabe, a peruca nunca envelhece”, conclui.

Suicídio

O suicídio é considerado pelo Ministério da Saúde como um problema de saúde pública, complexo, multifacetado e de múltiplas determinações, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero.

Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio no mundo, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde). No Brasil, uma pessoa morre por suicídio a cada hora, enquanto outras três tentaram se matar sem sucesso no mesmo período.

O assunto é tão complexo que muitas pessoas evitam falar a respeito, o que nem sempre é a melhor decisão. Um problema dessa magnitude não pode ser negligenciado, pois sabe-se que o suicídio pode ser prevenido. Uma comunicação correta, responsável e ética é uma ferramenta importante para evitar o efeito contágio.

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