Filho de Mr. Catra, participa de single sobre racismo e violência policial

Publicado em 18/09/2020 21:00
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Unindo rap, guitarras e beats, o single “Mamãe me explicou” apresenta a sonoridade de VEDOVÍ em uma composição intensa que contextualiza a atuação policial nas favelas cariocas. O vocal rasgado do cantor e compositor Lucas Rangel (conhecido pelo rock da sua banda 335) se reinventa neste novo projeto solo e recebe o frescor da voz do rapper mirim João Bailly, filho de Mr. Catra. Juntos, eles narram uma história ao mesmo tempo antiga e muito atual: a morte de uma criança em uma comunidade em decorrência de uma bala perdida. A faixa já está disponível nos serviços de streaming e antecipa o primeiro álbum de VEDOVÍ.

O single mostra ironicamente a visão racista comumente usada para tentar justificar ações policiais que resultam em mortes de inocentes. “Esse tal garotinho/Parece não ter culpa não/Mas deve ser envolvidinho/a polícia tem sempre razão/No mínimo um primo do filho de alguém/Que é irmão de um cara da prisão/Essa tal proximidade/Faz ele perder a razão/Se ele fosse só bondade/Porque que tem cor de ladrão?”, provoca a letra.

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Com foco especial na guitarra de Lucas Vale, a composição surgiu de uma compreensão de VEDOVÍ de seus privilégios enquanto homem branco. Ao reconhecer seu lugar de fala, a música só poderia ser narrada de uma perspectiva: a do racista, que perpetua e destila seus preconceitos, de forma velada ou escancarada. Isso contrasta com a inocência perdida na voz de João Bailly, rapper, ator e modelo de 9 anos que divide os vocais na canção. Presente na vida do “tio Lucas” desde recém-nascido, ele canaliza na faixa a verve herdada do pai, o saudoso Mr. Catra.

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“A música explana problemas sociais grotescos, porém pela perspectiva do privilegiado. Tendo em vista o lugar de fala, o que teria a acrescentar ao assunto que não fosse por livros, filmes, ou seja, uma espécie de ‘empatia branca’, coisas que não passariam de um exercício de imaginação (já que não o experimento na pele)? A relevância dessa música está na abordagem do assunto por uma outra perspectiva, a branca. Mamãe Me Explicou não fala sobre racismo, fala sobre o racista”, explica VEDOVÍ.

Esses questionamentos guiaram toda a composição do disco de estreia. O projeto surgiu de uma combinação de estudos do cenário rap e hip hop e de uma reflexão sobre as manchetes que vêm estampando os jornais no último ano. Após mostrar essa nova faceta nas redes sociais, onde os vídeos tiveram repercussão recorde no perfil do artista, ele se uniu aos produtores Davi Vale (baixista da 335) e João Gabriel (compositor, cantor e guitarrista) para gravar um disco. 

Esse nascimento coincidiu com o período de isolamento social causado pela pandemia de coronavírus, e com isso toda a criação de VEDOVÍ teve de ser feita à distância. Este se tornou o principal desafio, mas não um impedimento para sua concepção. 

“A quarentena nos obrigou a realizar todas as etapas sem nos encontrarmos pessoalmente nenhuma vez. Como se não bastasse, tivemos a ideia de fazer uma participação especial em cada música como uma espécie de escárnio à pandemia. A ideia era vencer essa distância e criar novas alianças artísticas, apesar dos pesares”, adianta VEDOVÍ. 

Embora esta não seja sua estreia solo – ele lançou dois álbuns sob o nome de Lucas Rangel: “Penoso” (2017) e “Músicas Infantis Seríssimas” (2018) -, VEDOVÍ surge com o frescor de um olhar renovado, repaginando as influências roqueiras da 335 sob o prisma do rap com o tempero regionalista de Elomar, Xangai, Vital Faria e outros.

“O novo nome vem marcando essa virada de chave tão escancarada do projeto, me tirando de uma zona de conforto e me lançando em um lugar que nunca tinha habitado antes”, finaliza. 

O resultado desse processo criativo poderá ser ouvido no primeiro álbum de VEDOVÍ, que será lançado em novembro. Enquanto isso, “Mamãe me explicou” está disponível como single nas principais plataformas de streaming.

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