Filipe Ret lança clipe baseado na história da primeira vítima de Covid-19 no Brasil

Publicado em 31/08/2020 14:13
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Após liberar na última sexta (28) o single “Cidade dos Anjos” nas plataformas de música pela Som Livre, Filipe Ret lançou o filme da faixa neste domingo (30) no YouTube. A produção cinematográfica, com quase dez minutos de duração, faz uma alusão à primeira vítima de Covid-19 no Brasil, ocorrida em março deste ano. Além da música, composta apenas pela sonoridade acústica do violão, sem o beat predominante do rap, a produção audiovisual é embalada por impactantes diálogos entre os personagens Tereza, Maria e João, que levantam importantes questões sociais e trabalhistas recorrentes no país. A direção é de Samuel Costa, da produtora Capuri.tv, que assina o roteiro ao lado de Ayana Amorim e Juliana Jesus.

O filme que ilustra a faixa “Cidade dos Anjos” aborda a trágica história de Tereza, uma empregada doméstica de meia-idade, moradora de uma comunidade, como tantas que existem no nosso país, que trabalha para sustentar a família. A falta de opção de abdicar do trabalho em tempos de pandemia é uma realidade que atingiu em cheio a população, em especial a categoria das empregadas domésticas, o que trouxe terríveis consequências para muitas famílias.

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Das roteiristas, ao elenco e produção, a equipe foi formada majoritariamente por pessoas pretas, que contribuíram em cada detalhe para extrair a veracidade da luta de classes no Brasil. Filipe Ret optou por dar protagonismo à trama e não aparece no filme, que é representado por um elenco de atores. Trazendo cada vez mais questionamentos incisivos e urgentes em seus trabalhos, ele analisa este processo de criação: “Tive a sorte de encontrar a equipe ideal para o projeto. O Samuel (diretor) deu forma para a história e elegeu as roteiristas (Juliana e Ayana) e o elenco com muita sensibilidade e representatividade. Ele superou os clipes tradicionais e conseguiu transmitir a mensagem com profundidade, beleza e esperança. No resultado eu vi que o meu sentimento germinou através do trabalho da equipe. É sem dúvidas o projeto audiovisual mais especial da minha carreira”, declara.

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Sobre a duração do filme, são quase dez minutos de trama, Filipe Ret acrescenta sua visão: “Eu até tentei diminuir um pouco, mas as roteiristas, Juliana e a Ayana, conversaram comigo e defenderam os propósitos de manter o tamanho da história. E aí, quem era eu para cortar a fala e a representatividade de mulheres pretas nessa história?”.

Segundo o diretor Samuel Costa, o holofote está virado para que as pessoas caiam em si e abram os olhos para as coisas que estão acontecendo ao nosso redor. “Esse foi o nosso ponto de partida para dar vida a essa história. É sobre reconhecer quem são os anjos que estão aqui na Terra, se sacrificando pelos outros, o que vai muito de encontro com a letra da música. Espero que as pessoas reflitam, reconheçam seus privilégios e pensem quais são as suas contribuições para o mundo”, analisa. Para este trabalho, ele convidou as roteiristas Juliana Jesus e Ayana Amorim. “Elas vivem essa história em suas vidas e puderam contribuir com referências e elementos reais. Sem Juliana e Ayana, esse filme não existiria ou seria falso”, finaliza.

Para a roteirista Juliana Jesus, o processo foi muito íntimo e provocador. Ela é a primeira geração de sua família que tem possibilidade de quebrar o ciclo de serviço em condições precárias de trabalho e divide isso na construção dessa história. “Minhas inspirações e referências estão muito próximas e são memórias ainda vivas e atuantes. Esse projeto carrega muitos símbolos, que passam pela ficção, mas que trazem um referencial muito rico de vida. É como se a gente conseguisse finalmente documentar essas pessoas como elas são, com humanidade, com nome, endereço, com família e não como um número. Acho que ‘Cidade dos Anjos’, mais do que qualquer outra coisa, leva humanidade e heroísmo para essas mulheres, homens e crianças que estão nessa formação. É sobre mudar o pensamento sobre si mesmo e sobre o mundo para construir um novo horizonte. Esse é o legado que a protagonista Tereza deixa como mensagem”, declara.

Com discurso articulado e politizado em suas redes, Filipe Ret mostra cada vez mais uma postura de questionamento e mudanças de paradigmas, procurando levantar discursos de questões raciais, humanitárias e trabalhistas. “Eu, como rapper branco, reconheço e admiro que o gênero que eu escolhi para ser a minha arte é do povo preto. Nós brancos temos que ter essa consciência, temos que enaltecer essa cultura tão rica em musicalidade e ancestralidade e levar visibilidade para esse tanto de vozes que já existem e merecem ser ouvidas por todos”, declara.

“Cidade dos Anjos” é mais um lançamento que compõe o próximo álbum do rapper, que já liberou as faixas e clipes de Dentro de Você”, parceria com o fenômeno do funk, Kevin O Chris“Sessão do Descarrego” , com Dfideliz, que hoje acumula quase 20 milhões de views no YouTube, e Ilusão”, em breve batendo a marca de 30 milhões de visualizações.

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