Hebert Neri aponta vantagens e desvantagens de usar instrumentos virtuais e plugins em uma produção musical

Publicado em 14/10/2020 12:49
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Com o crescimento da música independente no mundo e de plataformas de streaming como o YouTube, SoundCloud e o Spotify, o número de pessoas que resolveram ter seu próprio home studio e não depender de uma gravadora para lançar suas músicas aumenta a cada dia. E isso tem alimentado diretamente o mercado de softwares voltados para a produção musical, já que os home studios não dispõem de orçamento nem tanto espaço para acomodar muitos equipamentos e instrumentos musicais. Por isso, os produtores independentes consomem cada vez mais plugins VST E instrumentos virtuais VSTi, mas não apenas eles.

O músico e produtor musical Hebert Neri é responsável pela criação e gravação de músicas para rádio, TV e cinema e utiliza bastante os instrumentos virtuais e plugins neste processo. Segundo ele, este tipo de recurso digital vem mostrando um crescimento exponencial por diversos motivos. “Uso muito em meus trabalhos tanto instrumentos virtuais como plugins e tenho obtido resultados surpreendentes.

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Além da praticidade e de serem muito mais baratos do que os instrumentos e equipamentos reais, podendo ser adquiridos por valores muito mais atraentes, o aperfeiçoamento da tecnologia tem permitido obter resultados cada vez mais realistas e de excelência. Muitas vezes, um plugin VST de compressão, EQ ou reverb salva a vida de quem trabalha em home studio ou é músico independente, assim como as inúmeras possibilidades de instrumentos virtuais (VSTi), que simulam orquestras, percussão e sintetizadores com boa qualidade.”

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Instrumentos reais x Instrumentos virtuais

Os Instrumentos Virtuais (VSTi) são plugins que trabalham com tecnologias de sampling (amostragem) ou modelagem, simulando instrumentos reais como bateria, piano, cordas e etc. Usando estes recursos, você pode gravar uma música com todos os elementos,  usando apenas um teclado controlador ou, até mesmo, o teclado do seu computador. 

Contudo, será que vale mesmo a pena investir nesse tipo de plugin? Um instrumento real pode substituir um instrumento real? Neri explica. “Nada poderá substituir o instrumento real, a interação do músico com o equipamento, mas é possível chegar a um bom resultado com o VST, principalmente para instrumentos de grande complexidade como o piano. Sintetizadores virtuais como os premiados Omnisphere, Serum e o Sylenth1 já provaram a que vieram e dão conta do recado. Hoje consigo produzir belos arranjos usando apenas software, mas se puder prefiro não abrir mão totalmente do instrumento real e de ter um músico comigo ali, colocando a sua energia e interpretação através da sua interação com o instrumento. Acredito que a decisão entre usar instrumento virtual, ou não usar, é multifatorial e depende de orçamento do projeto, complexidade, prazos, disponibilidades, conveniência e praticidade. Nem sempre é possível ter uma orquestra de verdade disponível para dar vida a um arranjo, mas sempre é possível ter os plugins e VSTs, que podem dar conta do recado para fins práticos, dependendo da perícia do produtor em manipular a tecnologia e depois fazer a mix disto soar o menos fake possível.” 

FOTO: Divulgação

Hebert Neri também ressalta que, com a atual tecnologia, muitos instrumentos virtuais VSTi oferecem uma sonoridade extremamente realista. “Tem vezes que, mesmo para produtores experientes e ouvidos treinados, é praticamente impossível distinguir o VST de um instrumento real gravado em estúdio. Isso porque, atualmente, a qualidade dos samples melhorou muito nos últimos anos, tratando-se de amostras gravadas em altíssima resolução nos melhores estúdios, gerando bibliotecas de muitos gigabytes, que proporcionam um resultado fantástico.” 
O produtor acredita que a tecnologia dos VST possibilitou um grande avanço na produção musical de forma geral, não apenas para amadores e home studios. “Se já é difícil ter uma bateria ou um piano em um home studio, o que dizer de uma orquestra? Simplesmente impossível. Por isso, os Instrumentos Virtuais VSTi de orquestra podem ser colocados como os principais dessa lista. Isso porque eles dão ao produtor a possibilidade de ter uma orquestra completa, com tudo o que se tem direito em um único plugin. Mas não foram só os ‘pequenos’ que se beneficiaram. Até grandes estúdios e grandes produtores fazem uso dessa tecnologia, seja para fazer pré produções ou até mesmo para gravar o produto final. Por isso, digo que a vantagem desses instrumentos virtuais para qualquer produtor é simplesmente a sua existência. Poder ter uma orquestra inteira à disposição no seu computador é simplesmente fantástico, ainda que não seja um substituto de uma orquestra com músicos reais.”

FOTO: Divulgação

Digital x Analógico
Muito se discute também sobre o que é melhor para usar durante o processo de gravação, mixagem e masterização. Com o advento do digital, cada vez mais produtores e estúdios têm aderido ao uso dos plugins em substituição a diversos equipamentos analógicos. Embora muitos estudios ainda mantenham estes equipamentos em suas instalações, a tendência mundial é de um uso cada vez maior de soluções de software. “Sim, os plugins de primeira linha são bons o bastante para dar conta do recado em nível profissional, assim como os instrumentos virtuais de primeira linha. O processamento digital ganhou uma má reputação no início da era DAW (Digital Audio Workstation) por um motivo. As primeiras gerações de plugins sofreram os mesmos problemas que afetaram as primeiras gravações digitais, mas são agora uma parte extremamente importante do mercado de equipamentos depois de passarem por uma completa reformulação e melhoria tecnológica. Os fabricantes de plug-in têm  reunido engenheiros talentosos para resolver os problemas das ferramentas de áudio digital de ótima sonoridade há décadas, a fim de proporcionar ao produtor musical uma experiência sonora semelhante aos melhores equipamentos analogicos sem que seja preciso vivenciar todos os problemas do analógico. Hoje os plugins de qualidade dos principais fabricantes são mais que equivalentes aos equipamentos analógicos, já que a tecnologia de modelagem de hardware atual é incrivelmente sofisticada, reproduzindo as não-linearidades desejáveis dos circuitos analógicos.” 
No entanto, Neri salienta que a discussão analogico x digital não tem um veredito definitivo para todos. “O debate entre plugins e hardware provavelmente continuará no futuro previsível e parece improvável que ele seja totalmente resolvido. Cada lado tem seus méritos e argumentos válidos. Sua decisão de usar um ou outro depende mais da preferência pessoal e das suas condições do que de quaisquer benefícios objetivos. No entanto, antes de falar mal do digital por usar plugins de baixa qualidade e muito baratos que nunca produzirão um registro de som decente, dê uma boa olhada nos problemas do analógico e na sua capacidade de prover a adequada manutenção destes equipamentos, que sofrem desgastes e avarias com o tempo, o que é perfeitamente normal. Sabendo que hoje é possível obter resultados bem próximos no digital ao que seria com os melhores equipamentos analógicos, vê-se que a grama nem sempre é mais verde do outro lado. Se você pode conjugar o uso de ambos, analógico e digital, eu altamente recomendo, pois é ter o melhor dos dois mundos. Contudo, cada um sabe das suas preferências e da sua realidade. Dizer que odeia o digital só por ‘modinha’ não te torna um produtor melhor, assim como usar tudo digital só por praticidade não necessariamente te levará ao som desejado. Escolha com sabedoria”, diz Neri. 

FOTO: Divulgação

Plugins recomendados
O produtor recomenda alguns plugins que fazem parte da sua vida cotidiana em estúdio. “Existem bibliotecas incríveis para Kontakt que dão conta do recado, como a Red Pianos Gold Edition, The Giant, The Grandeur, The Maverick, Tina Guo Artist Series e tantas outras como as baterias Session Studio do Abbey Road. O Kontakt é um software incrível e que merecia por si só um livro (risos) se fossemos falar dele em detalhes. Ainda se tratando de instrumentos virtuais há muito boas emulações de sintetizadores da Arturia, como a V collection, que simulam instrumentos clássicos como o Minimoog, o Prophet 5, o OB6 e o Jupiter 8 e o Juno 106. Uso todos esses para produzir e gosto muito do resultado. Já para áudio, o pacote Waves é mais que fundamental, com excelentes opções de compressores, delays, reverbs, SSLs e centenas de outros plugins de alto nível.”

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