Mãe e filha mortas na banheira; as drogas e abusos da família de Whitney Houston

Publicado em 29/10/2020 22:58
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Do jornal El País: Nenhum outro cantor conseguiu a façanha de ser o número 1 na lista dos mais vendidos nos Estados Unidos por nove vezes seguidas, como foi o caso de Whitney Houston. Elvis, Beatles ou Michael Jackson não conseguiram. Nenhum outro artista conseguiu reunir uma presença física marcante e um charme emblemático com uma voz de máxima grandez como Houston. Todos estes detalhes estão em Whitney, o filme documental que foi lançado em 2018 paralelamente ao Festival de Cannes.

Juntamente com esse talento, também existia uma mulher que tinha sido abusada sexualmente quando criança, que acabou sofrendo grande pressão materna para conquistar o sucesso, tendo problemas nas mãos de um marido ciumento e enfrentando dúvidas severas sobre sua orientação sexual. Isto tudo tendo acesso fácil a todas drogas e álcool que queria. Neste contexto, a vida e obra de Houston é bastante parecida com a de Michael Jackson ou Amy Winehouse (que já teve seu próprio filme documental em Cannes), também astros mundiais da música cujas vidas terminaram dramáticamente. No caso de Whitney, sua morte aconteceu numa banheira de um quarto do hotel Beverly Hilton, em 11 de fevereiro de 2012, aos 48 anos.

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Kevin Macdonald, diretor de Whitney tem um longo currículo no mundo dos filmes documentais, além de ter participado da produção de ficção em longas como O Último Rei da Escócia e Intrigas de Estado. Em Whitney, o diretor decidiu seguir um caminho cronológico da trajetória da cantora, mas esconde detalhes dos abusos sexuais para o parte final do filme, quando procura investigar os problemas que levavam a cantora a recorrer às drogas, álcool e ao abusivo marido Bobby Brown. Mesmo entrevistando mais de 70 pessoas, somente 40 aparecem nos 120 minutos do longa, pois, de acordo com o cineasta, muitos teriam mentido no depoimento.

O filme traz nova perspectiva sobre a orientação sexual de Houston e sua amizade com Robyn Crawford, a mulher que moldou sua imagem.

Para entender completamente Whitney Houston, devemos nos lembrar que sua mãe, Cissy Houston, era uma cantora mais conhecida por fazer parte da equipe vocal de grandes estrelas como Aretha Franklin e Elvis Presley. Whitney nunca chegou a perdoar sua mãe, que se envolveu com o pastor de sua igreja (o mesmo local onde atuou pela primeira vez em público). Assim, depois da separação dos pais, Whitney e seus dois irmãos mais velhos passaram a infância em casas de outros parentes enquanto a mãe percorria suas turnês a trabalho. A pista foi dada por seu irmão por parte de mãe, Gary Garland-Houston, que acabou se tornando um jogador na NBA: “Passamos muito tempo em quatro ou cinco casas diferentes de outros parentes, como se estivéssemos em um abrigo”.

Quase todas as casas onde moravam também pertenciam a outros artistas, como de suas primas Dionne e DeDe Warwick. E Gary é quem revela que, dos 7 aos 9 anos de idade, uma mulher teria abusado dele, e que isso ficou marcado para todo sempre. Tal mulher também teria abusado de Whitney Houston. O nome da algoz seria DeDe Warwick, e Mary Jones, a tia de Whitney, confirma os abusos revelados pela artista. Jones, além disso, foi também quem encontrou o corpo de Whitney na banheira do Beverly Hilton.

Através dessa revelação, a vida de Houston adquire uma perspectiva diferente. Por exemplo, apresenta novas informações sobre sua orientação sexual. Com a forte pressão da mãe, que projetou na filha todas suas ambições artísticas (apesar de ter educado sua voz para que fosse única aos 18 anos), Whitney Houston acabou indo morar com sua melhor amiga, Robyn Crawford, a grande figura ausente do documentário. Uma das cabeleireiras de Houston revela que a cantora era “o que hoje em dia chamamos de sexualmente fluida” e que até chegou a lhe presentear com um vibrador no Natal para saciar seus desejos. Os irmãos de Houston não falam sobre Crawford e a acusam de ser um problema por causa de seu lesbianismo. Mas Robyn Crawford acertou em suas decisões artísticas para a carreira da estrela: ela desenhava os vestidos para as performances, os sets para as turnês e para os videoclipes. Se a voz de Houston foi criação da mãe da cantora, a imagem pública foi devidamente construída por Crawford.

Quando Whitney casou-se com o rapper Bobby Brown, Crawford seguiu ao seu lado. Porém, quando o filme O Guarda-Costas alcançou o histérico sucesso e Brown foi dominado por ciúmes da esposa, Crawford acabou sendo expulsa de seu círculo íntimo de amizades. Duas pessoas no documentário asseguram que os problemas particulares da cantora surgiram pois ela não foi capaz de aceitar uma orientação sexual que tinha sido manchada e transformada em trauma por causa dos abusos da prima. E que as equivocadas decisões na carreira teriam vindo daquela infância: demorou muito tempo para se divorciar de Brown pois não queria ser como seus pais divorciados e porque desejava cumprir com o considerado tradicional na sociedade estadunidense. Por anos levou a filha nas turnês para que ninguém chegasse perto da jovem e isso fez com que a menina vivesse rodeada por adultos drogados e bêbados. Vale lembrar que Bobbi Kristina Brown também teve uma vida desregrada. Se sua mãe já havia tinha usado cocaína e maconha aos 16 anos, Kriss começou antes.

Whitney e sua filha Bobbi (FOTO: Reprodução)

Uma pessoa revela que, às vezes, Houston se encontrava com Michael Jackson e ficavam juntos sem se falar por horas em um quarto de hotel. “Provavelmente, não havia ninguém na Terra que pudesse entendê-la melhor.” Macdonald revela esses momentos de descontração e felicidade no documentário, que contou com a colaboração de familiares, apesar da decisão da edição final tenha sido do diretor, que entrou em contato com Nicole David, a agente cinematográfica de Houston, para que retratasse a vida da artista.

Existe também espaço durante as duas horas do filme para celebrar suas canções, sua dicotomia entre a cantora, Whitney Houston, e Nippy, seu apelido na família, que ilustrava uma garota simples que só tinha como ambição dormir e ver TV. Sua carreira foi pontualmente um triunfo diante dos críticos da sua passagem do soul e r’n’b para um pop mais próximo à preferência branca dominante. Numa perspicaz mudança social e musical, sua interpretação de Star-Spangled Banner, o hino norte-americano, no SuperBowl de 1991, com uma mudança de ritmo do comum 3/4 para 4/4, o que tornou a melodia mais afro, fez com que ela se reconciliasse com todas as camadas sociais possíveis.

Se O Guarda-Costas, em 1992, e a música tema do filme, I Will Always Love You, lhe transformaram na artista mais popular do momento (com até Saddam Hussein usando uma versão árabe da canção para uma campanha eleitoral), os anos seguintes acabaram marcando seu declínio, com turnês problemáticas e milhões de dólares perdidos em gravações fracassadas de discos inéditos.

Somente depois do divórcio procurou tratamento, mas então já não tinha mais dinheiro para bancar sua internação em uma clínica. Whitney Houston, a poderosa mulher a quem seu pai, o rei dos negócios ilegais em Newark e que se tornou contador da filha, chegou a exigir 100 milhões de dólares (370 milhões de reais) por dinheiro não recebido após sua demissão. Ela, que bancou irmãos, primos e familiares em geral durante décadas. O filme termina quase como começa, com algumas imagens da primeira performance da estrela na televisão, em 1983. E uma mensagem final: sua filha também foi encontrada em uma banheira afogada, também depois de consumir drogas e narcóticos, mas com apenas 22 anos. Morreu em 2015, após seis meses em coma.

Nenhum outro cantor conseguiu a façanha de ser o número 1 na lista dos mais vendidos nos Estados Unidos por nove vezes seguidas, como foi o caso de Whitney Houston. Elvis, Beatles ou Michael Jackson não conseguiram. Nenhum outro artista conseguiu reunir uma presença física marcante e um charme emblemático com uma voz de máxima grandez como Houston. Todos estes detalhes estão em Whitney, o filme documental que foi lançado em 2018 paralelamente ao Festival de Cannes.

Juntamente com esse talento, também existia uma mulher que tinha sido abusada sexualmente quando criança, que acabou sofrendo grande pressão materna para conquistar o sucesso, tendo problemas nas mãos de um marido ciumento e enfrentando dúvidas severas sobre sua orientação sexual. Isto tudo tendo acesso fácil a todas drogas e álcool que queria. Neste contexto, a vida e obra de Houston é bastante parecida com a de Michael Jackson ou Amy Winehouse (que já teve seu próprio filme documental em Cannes), também astros mundiais da música cujas vidas terminaram dramáticamente. No caso de Whitney, sua morte aconteceu numa banheira de um quarto do hotel Beverly Hilton, em 11 de fevereiro de 2012, aos 48 anos.

Kevin Macdonald, diretor de Whitney tem um longo currículo no mundo dos filmes documentais, além de ter participado da produção de ficção em longas como O Último Rei da Escócia e Intrigas de Estado. Em Whitney, o diretor decidiu seguir um caminho cronológico da trajetória da cantora, mas esconde detalhes dos abusos sexuais para o parte final do filme, quando procura investigar os problemas que levavam a cantora a recorrer às drogas, álcool e ao abusivo marido Bobby Brown. Mesmo entrevistando mais de 70 pessoas, somente 40 aparecem nos 120 minutos do longa, pois, de acordo com o cineasta, muitos teriam mentido no depoimento.

O filme traz nova perspectiva sobre a orientação sexual de Houston e sua amizade com Robyn Crawford, a mulher que moldou sua imagem.

Para entender completamente Whitney Houston, devemos nos lembrar que sua mãe, Cissy Houston, era uma cantora mais conhecida por fazer parte da equipe vocal de grandes estrelas como Aretha Franklin e Elvis Presley. Whitney nunca chegou a perdoar sua mãe, que se envolveu com o pastor de sua igreja (o mesmo local onde atuou pela primeira vez em público). Assim, depois da separação dos pais, Whitney e seus dois irmãos mais velhos passaram a infância em casas de outros parentes enquanto a mãe percorria suas turnês a trabalho. A pista foi dada por seu irmão por parte de mãe, Gary Garland-Houston, que acabou se tornando um jogador na NBA: “Passamos muito tempo em quatro ou cinco casas diferentes de outros parentes, como se estivéssemos em um abrigo”.

Quase todas as casas onde moravam também pertenciam a outros artistas, como de suas primas Dionne e DeDe Warwick. E Gary é quem revela que, dos 7 aos 9 anos de idade, uma mulher teria abusado dele, e que isso ficou marcado para todo sempre. Tal mulher também teria abusado de Whitney Houston. O nome da algoz seria DeDe Warwick, e Mary Jones, a tia de Whitney, confirma os abusos revelados pela artista. Jones, além disso, foi também quem encontrou o corpo de Whitney na banheira do Beverly Hilton.

Através dessa revelação, a vida de Houston adquire uma perspectiva diferente. Por exemplo, apresenta novas informações sobre sua orientação sexual. Com a forte pressão da mãe, que projetou na filha todas suas ambições artísticas (apesar de ter educado sua voz para que fosse única aos 18 anos), Whitney Houston acabou indo morar com sua melhor amiga, Robyn Crawford, a grande figura ausente do documentário. Uma das cabeleireiras de Houston revela que a cantora era “o que hoje em dia chamamos de sexualmente fluida” e que até chegou a lhe presentear com um vibrador no Natal para saciar seus desejos. Os irmãos de Houston não falam sobre Crawford e a acusam de ser um problema por causa de seu lesbianismo. Mas Robyn Crawford acertou em suas decisões artísticas para a carreira da estrela: ela desenhava os vestidos para as performances, os sets para as turnês e para os videoclipes. Se a voz de Houston foi criação da mãe da cantora, a imagem pública foi devidamente construída por Crawford.

Quando Whitney casou-se com o rapper Bobby Brown, Crawford seguiu ao seu lado. Porém, quando o filme O Guarda-Costas alcançou o histérico sucesso e Brown foi dominado por ciúmes da esposa, Crawford acabou sendo expulsa de seu círculo íntimo de amizades. Duas pessoas no documentário asseguram que os problemas particulares da cantora surgiram pois ela não foi capaz de aceitar uma orientação sexual que tinha sido manchada e transformada em trauma por causa dos abusos da prima. E que as equivocadas decisões na carreira teriam vindo daquela infância: demorou muito tempo para se divorciar de Brown pois não queria ser como seus pais divorciados e porque desejava cumprir com o considerado tradicional na sociedade estadunidense. Por anos levou a filha nas turnês para que ninguém chegasse perto da jovem e isso fez com que a menina vivesse rodeada por adultos drogados e bêbados. Vale lembrar que Bobbi Kristina Brown também teve uma vida desregrada. Se sua mãe já havia tinha usado cocaína e maconha aos 16 anos, Kriss começou antes.

Uma pessoa revela que, às vezes, Houston se encontrava com Michael Jackson e ficavam juntos sem se falar por horas em um quarto de hotel. “Provavelmente, não havia ninguém na Terra que pudesse entendê-la melhor.” Macdonald revela esses momentos de descontração e felicidade no documentário, que contou com a colaboração de familiares, apesar da decisão da edição final tenha sido do diretor, que entrou em contato com Nicole David, a agente cinematográfica de Houston, para que retratasse a vida da artista.

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Existe também espaço durante as duas horas do filme para celebrar suas canções, sua dicotomia entre a cantora, Whitney Houston, e Nippy, seu apelido na família, que ilustrava uma garota simples que só tinha como ambição dormir e ver TV. Sua carreira foi pontualmente um triunfo diante dos críticos da sua passagem do soul e r’n’b para um pop mais próximo à preferência branca dominante. Numa perspicaz mudança social e musical, sua interpretação de Star-Spangled Banner, o hino norte-americano, no SuperBowl de 1991, com uma mudança de ritmo do comum 3/4 para 4/4, o que tornou a melodia mais afro, fez com que ela se reconciliasse com todas as camadas sociais possíveis.

Se O Guarda-Costas, em 1992, e a música tema do filme, I Will Always Love You, lhe transformaram na artista mais popular do momento (com até Saddam Hussein usando uma versão árabe da canção para uma campanha eleitoral), os anos seguintes acabaram marcando seu declínio, com turnês problemáticas e milhões de dólares perdidos em gravações fracassadas de discos inéditos.

Somente depois do divórcio procurou tratamento, mas então já não tinha mais dinheiro para bancar sua internação em uma clínica. Whitney Houston, a poderosa mulher a quem seu pai, o rei dos negócios ilegais em Newark e que se tornou contador da filha, chegou a exigir 100 milhões de dólares (370 milhões de reais) por dinheiro não recebido após sua demissão. Ela, que bancou irmãos, primos e familiares em geral durante décadas. O filme termina quase como começa, com algumas imagens da primeira performance da estrela na televisão, em 1983. E uma mensagem final: sua filha também foi encontrada em uma banheira afogada, também depois de consumir drogas e narcóticos, mas com apenas 22 anos. Morreu em 2015, após seis meses em coma.

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