Vítor Guima lança o livro “A Morte da Graça no Baile dos Erros”

Publicado em 02/03/2020 13:35
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A partir desta semana o público já pode ler uma prévia de A Morte da Graça no Baile dos Erros, primeiro livro de Vítor Guima, que chega às livrarias ainda no primeiro semestre pela Editora Urutau. “Sombras e Fogo”, “Yumi” e “Os Espelhos” foram os três poemas publicados pela Revista Mallarmargens, veículo especializado em poesia e arte contemporânea desde 2012.

“‘Sombras e Fogo’ é um tributo a um dos meus cineastas prediletos [Sergei Parajanov], na verdade um dos maiores cineastas da história, e também um lembrete que a censura está e sempre esteve pairando sobre nós – mas que ela nunca vencerá!”, diz o artista. “Já ‘Yumi’ trata da ressignificação de experiências e da construção da memória, que é o tema principal de A Morte da Graça no Baile dos Erros, enquanto ‘Os Espelhos’ fala da aura dos fantasmas nos reflexos que encontramos pelo caminho.”

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A Morte da Graça no Baile dos Erros abre mais um ano de criação artística para Guima, que em 2019 lançou seu disco de estreia, O Estrangeiro. O álbum foi aclamado pela imprensa e pelo público, rendendo elogios em veículos como Keeping Track, que o citou como uma “grande aposta da nova MPB”, o Observatório de Música da UOL, que o chamou de “promessa da MPB”, além de ter sido eleito um dos melhores discos nacionais do ano pelo Estadão.

Segundo o artista, A Morte da Graça no Baile dos Erros é uma coleção de poemas que trata de “pequenas e grandes mortes e da construção da memória”. Ao longo do último ano, antigos textos foram reescritos e novos poemas foram criados para o livro “explorando essas experiências rodeadas de pequenas mortes que acabam nos tornando uma versão melhor de nós mesmos e que de grão em grão se formam ou se esfacelam na memória.”

Leitor voraz, Vítor Guima afirma que alguns dos poetas que mais o influenciaram são Herberto Helder, Ana Cristina Cesar, Roberto Piva, Wislawa Szymborska, Allen Ginsberg, Fernando Pessoa e Paul Auster.

Mais detalhes sobre a data de lançamento, pontos de venda e preço da obra serão anunciados em breve.

Abaixo, leia os três poemas publicados pela revista Mallarmargens:

Sombras e fogo

a Sergei Parajanov

no dia em que foram

esquecidos

os signos das frutas e

suntuosas vestes

santificadas em película

nas mais vívidas cores

as sombras de fogo e os

cavalos dos meus antepassados

de ensandecidas maneiras

relembraram a história

das censuras

daqueles registros das jantas com suas tantas galinhas

e infinitos véus

o templo das imagens, das luzes e da realidade

encarcerado

as esculturas e bonecas destruídas

em tão semelhantes uniformes

do que teriam sido tingidas as

fitas

fora de um jogo de xadrez?

qual o limite bestial

das entidades que pretendem aniquilar

o encanto?

a imagem

cicatrizada no fundo dos globos

não permite o

mais abominável dos vetos

nem suas incontáveis lacunas.

Yumi

depois do gole de saquê do almoço

observo a palha

tentando desvelar a

coloração das

ventanias

nesses dias embalados

do tic tac dos hashis,

lembro de ter reparado

na metade dianteira dos tigres,

no batismo dos bonsais que acabei fazendo

em algum lugar de Shibuya

esmagado por seus tamancos e máscaras

consegui encontrar as ritmadas mensagens decodificadas

em

5

7

5

que tipo de tatame é necessário para que eu descanse?

qual tecido, sombrinha ou véu é preciso para que me possa tocar?

ao percorrer

uma a uma

as armadilhas do pó de seus haicais,

inverto meus eixos ao colher flores de cerejeira

e transformo minhas fogueiras

em pequeninas brasas

para poder pensar o céu

Os Espelhos

ao apagar as luzes

quantos reflexos estão a uma fagulha

da extinção?

é tão difícil parar de reparar

nas sombras dos quartos

formadas pela luz

dos corredores

parar de esperar uma

ventania que leve

o barulho daquela sirene que nunca

parou de tocar

qual poder é maior do que a representação?

partes de nós

precisam morrer para que

o resto viva

(mas talvez não

continuemos

vivendo muito

bem)

nas estimativas

diagramas de olhares

algoritmos de perfumes

hipóteses nas bocas

uma amálgama de prata e de poemas

dois labirintos

que levam à glória

Sobre Vítor Guima:

Vítor Guima é escritor, compositor e cineasta, exercendo tais funções com o objetivo de enxergar as diferentes formas de arte como algo unificado. Por conta disso, seu disco de estreia, O Estrangeiro, lançado em julho de 2019 nas plataformas digitais, tem na lista de inspirações compositores — como Bob Dylan, Belchior, Joni Mitchell, Patti Smith e Lô Borges — e escritores — como Albert Camus, Fernando Pessoa e Charles Baudelaire. Chamado de grande aposta da nova MPB pelo site Keeping Track e de promessa da MPB pelo Observatório de Música da UOL em 2019, seu álbum de estreia foi eleito um dos melhores discos nacionais do ano pelo Estadão. No cinema, foi roteirista e diretor dos filmes Rua Vergueiro e Mônica. No primeiro semestre de 2020, lançará seu primeiro livro de poemas, A Morte da Graça no Baile dos Erros, pela Editora Urutau. Entre as suas maiores inspirações na literatura estão Herberto Helder, Ana Cristina Cesar, Roberto Piva, Wislawa Szymborska, Cesário Verde, Allen Ginsberg, Fernando Pessoa e Paul Auster.

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