Zebu, produtor de ‘Desce Pro Play’ fala sobre o funk fora do Brasil: “Vai chegar pela instrumental primeiro”

Publicado em 15/07/2020 19:16
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O produtor e DJ brasileiro ZEBU, que é um dos produtores responsáveis por vários sucessos do álbum ‘111’ de Pabllo Vittar, que já trabalhou com Cléo, Alice Caymmi, Luísa Sonza, Jão, Ludmilla e vários outros, e está por trás do hit do momento “Desce Pro Play (PA PA PA)” do MC Zaac com Anitta e Tyga, concedeu uma entrevista exclusiva para o Observatório de Música e falou sobre vários assuntos.

Vale pontuar que ZEBU ficou conhecido no cenário musical em 2015, quando lançou um remix da música ‘Cool for the Summer’ de Demi Lovato com a MC Carol, de maneira despretensiosa e em homenagem a MariLove, sua namorada.

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1 – Qual o estilo musical você mais gosta, fora eletrônica?

ZEBU: Eu sou primeiramente fã de musical, eu amo tanto Disney que foi parte essencial do meu crescimento, quando eu era criança era uma coisa que eu amava, e tanto quanto Wicked, Fantasma da Ópera, as coisas mais Broadway eu amo. Eu gosto muito de coisa que seja romântica e brega, eu acho que tem um apelo pras pessoas que as vezes até são subestimados sabe, que nem a gente fez esse ano com o ‘Amor de Quenga’, é uma coisa que dentro do Brasil principalmente tem um impacto, tem um tom de humor que eu acho muito legal, e acabo escutando, é idiota falar que você acaba escutando de tudo, mas trabalhando com isso, a gente tem que escutar de tudo. Sou muito antenado em sertanejo, em funk que tá rolando, gosto muito de rock clássico, enfim, tudo.

2 – Você já fez alguns remix de cantores, como: Belo, Maiara e Maraisa, Sandy e Junior, Kelly Key e vários outros. Dentre esses, teve algum que foi mais desafiador no processo de criação?

ZEBU: Teve, teve um que me marcou bem, que foi um do Pablo do Arrocha ‘Bilu Bilu’ que eu fiz assim. A Som Livre estava procurando usar o catálogo deles e lançar de uma maneira diferente e eles procuraram alguns produtores, e mandaram um e-mail com uma lista de músicas falando (Olha, escolhe uma aí pra fazer um remix), e eu falei ‘putz’, a primeira música era ‘Bilu Bilu’ eu falei ‘mano essa música é perfeita, olha o título’, ela era brega, mas assim, a música era um brega muito regional, eu falei ‘como eu vou dar uma modernizada nela’, foi bem difícil, mas no final, o resultado eu gostei, porque ela ficou quase como se fosse um arrocha, mas com minha referência de música eletrônica, eu acho que é o que a gente traz muito com o trabalho da Pabllo, que são referências regionais junto com referências eletrônicas americanas. Eu achei muito legal!

3 – Podemos dizer que o sertanejo hoje é o estilo musical mais ouvido no Brasil. Como você vê essa junção futuramente de estilos?

ZEBU: Eu acho que é um caminho natural, no ano passado a música mais tocada do ano no Spotify foi ‘Lençol Dobrado’, que ela é um sertanejo que é só timbres eletrônicos. Eu acho difícil de fugir da modernidade, porque o que o computador traz, o que o digital traz, é um peso que instrumento nenhum consegue fazer, porque ele é além. Se você vai no lollapalooza por exemplo, e você assiste um show de uma banda de metal e em seguida um show de trap, o som do show de trap é mais pesado. Então eu acho que o sertanejo, como é um estilo muito tocado em som grande, tocado em carro, eles estão começando colocar isso, sub de trap, vai começar vir aos pouquinhos essa junção do eletrônico com o analógico. Eu acho que vai uma hora dividir as vertentes, ‘trapnejo’, alguma coisa assim, que já é uma coisa que eles estão começando fazer, que é o sertanejo com timbres mais eletrônicos, eu acho que vai consolidar isso.

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4 – Como você vê o crescimento do funk internacionalmente?

ZEBU: Eu sinto uma resistência ao português ainda, infelizmente, acho que é uma língua que nos Estados Unidos e na Europa ainda é um pouco difícil de chegar, então eu acho que a gente vai chegar pela instrumental primeiro, assim como ‘BUM BUM TAM TAM’ foi, que acho é instrumental e a música é basicamente focada em uma onomatopeia. Eu acho que vai acontecer, eu não acho que vai ser tão rápido quanto a gente espera, mas acho que vai acontecer, porque precisa vir alguma coisa depois do reggaeton e depois do K-POP, o K-POP eu acho que tem uma estética bem anglo, e eu acho que a gente pode trazer esse regionalismo, agora se o forró vai chegar aos Estados Unidos eu já não sei, espero que chegue através de nós, mas eu acho que o funk pode ser a próxima coisa.

5 – Como produtor musical, como você enxerga o futuro do funk daqui 20 anos no Brasil?

ZEBU: Eu enxergo que hoje não faz a menor ideia de como ele vai ser. O funk é uma coisa que ele acontece tão rápido que assim, eu por exemplo, o Maffalda que é meu parceiro de trabalho que morava na Vila Formosa e escutava o funk meio que em primeira mão, eu sinto que pra mim por exemplo que morava no interior, ele já chegava atrasado, então o funk é uma coisa que eles estão reinventando o tempo todo. Eu realmente acho que a cabeça do funk ela é imprevisível e é isso que a torna tão interessante, então eu acho que daqui 20 anos não da pra saber exatamente.

6 – Conta pra gente como é trabalhar com a Pabllo Vittar? Tem algo que ela faz que ninguém sabe? Ou alguma história divertida sobre ela?

ZEBU: Trabalhar com a Pabllo eu digo que é fácil de mais, eu vou ser sincero, eu felizmente nunca tive nenhum problema com artista, eu não tô falando tipo puxando saco, mas todo mundo que a gente trabalhou sempre foi muito tranquilo, a gente nunca teve que lidar com gente dando crise de diva, nunca tivemos problemas com isso, agora a Pabllo especificamente, ela merece tudo que ela tem, é só isso que eu posso dizer, porque ela é uma artista que é muito focada, ela ensaia, não perde ensaio, chega no estúdio, se aquece, grava as vozes sempre perfeitamente, se pedir pra ela gravar de novo, grava de novo, se ela falar eu quero a música assim, e a gente falar que é melhor de outro jeito, ela escuta, ela é uma artista gigante, ela podia só sair do estúdio e falar ‘vou chamar outro produtor que faz do meu jeito’, e não, ela quer trabalhar em conjunto e ela tem referências muito foda, então, eu sinto que som dela é muito ela junto com a gente. Acho que a gente criou um jeito de trabalhar muito bom, porque ela passa referencias do que ela gosta e coisas muito nada haver. Ela fala ‘eu quero uns sininhos que seja meio estilo desse trap russo que eu estou escutando, e uns negócios que seja igual esse forró que eu ouvi quando era criança, e um negocio que pareça com um negocio meio gospel, mas seja um trance’, e a gente fica meio chocado, no começo eu ficava meio chocado e falava como nós vamos fazer isso, agora a gente já acostumou e só tenta fazer, porque sai. Então é muito legal!

7 – A música “Desce pro play”, do MC Zaac com Anitta e Tyga, foi produzida pela Brabo, e você fez voz de apoio, conta pra gente como foi isso?

ZEBU: Na verdade quando a gente faz o registro dos músicos, como ele é um sistema muito antiquado, ele não tem os sintetizadores que a gente usa tudo entendeu, então a gente coloca a gente como instrumentos, porque não tem lá, então eu não fiz voz de apoio em Desce Pro Play, a gente fez só produção e composição dessa música e ela tá aí, 16 dias em número do Spotify, inacreditável, porque a gente fez ela faz um tempo. É uma música que a gente fez a instrumental dela em um hotel, estava eu, o Maffaldo e o Gorky, quando a gente começou e queríamos trazer essas referências dos anos 2000, mas com alguma coisa brasileira, e aí chegamos nesse beat. A gente ficou quase dois anos tendo ideia para a letra da música, a Kika Bom chegou escrever alguns versos, que ela é compositora também, mas não entrou, e daí foi uma coisa muito do destino, o Zaac estava em São Paulo e o marketing dele da Universal Music falou que ele deveria fazer alguma coisa com os meninos da Brabo, daí ele seguiu a gente no Instagram, apareceu no estúdio uma hora depois, por sorte estavam todos em São Paulo, em uma hora a gente fez essa música, foi a única música que a gente terminou nesse dia e assim, ele que fez o verso dele, e aí falamos perfeito, e aí depois ele mostrou pra Anitta, que mostrou para o Tyga e virou isso.

8 – Sobre a produtora, o que você pode adiantar sobre novos projetos? Tem alguma música que ainda não foi lançada, ou que está em processo de criação?

ZEBU: Então, coisas que eu posso falar. O MC Zaac divulgou que ele vai lançar um feat com a Luísa Sonza e é uma produção nossa, composição junto com eles também. Estamos trabalhando em material novo da Pabllo, ela tem a previsão para lançar uma versão Deluxe do 111 que ela já tinha falado e acho que mais detalhes que isso eu não posso dar, mas as músicas inéditas são tão legais quanto as que já saíram, então é isso.

9 – Você já trabalhou com muitos artistas, mas eu quero saber: Eles dão muito trabalho? No sentido de criação. Eles são muito perfeccionistas, tipo, depois que vocês criam a música, eles já falaram: ‘Ah, não sei, acho que isso não ficou legal’. E então você tem que recriar tudo de novo. Isso já aconteceu?

ZEBU: Eu nunca tive problemas, muitos artistas eu já tinha ouvido que seria difícil trabalhar, mas nunca foi, não sei se a gente é muito legal, mas nunca tivemos problemas.

Confira a entrevista na íntegra:

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