Ludmilla, Beyoncé, IZA, Emicida e mais: a arte preta contra o racismo

Publicado em 20/11/2020 14:43
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Hoje (20 de novembro) está sendo celebrado o dia da Consciência Negra e muitos artistas pretos usam sua plataforma para refletir a posição da comunidade na sociedade.

Por meio de suas músicas, declarações ou posicionamentos, diversos cantores mostram suas vozes e lutam por igualdade.

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Um dos grandes exemplos que temos no país, é Ludmilla. Sofrendo racismo publicamente após ganhar um troféu em uma premiação, a cantora usou o espaço para protestar: “É muito complicado você ter que se afirmar toda hora, você ter que provar toda hora que merece estar ali. E chegou uma hora que eu não quis mais provar que eu merecia estar ali, sabe”.

“Eu estava vendo um filme que mostra que antigamente, na época da escravidão, quando um negro sabia fazer uma coisa a mais do que um branco, tipo, sabia ler, cantar melhor ou tocar algum instrumento melhor, apanhava, levava chibatada por isso. E, na nossa atualidade, essas chibatadas são esses ataques”.

Ela ainda disse: “Tem gente que não aceita uma preta estar no topo. Uma preta ter um carro melhor do que um branco. Uma preta estar numa posição melhor. Uma preta estar vestida melhor. Uma preta estar falando melhor. Estar se posicionando e estar pegando o seu lugar de fala, que é o seu de verdade. E aí, vêm as chibatadas”.

Beyoncé já era um símbolo da luta contra o racismo, mas tudo se intensificou após um protesto no evento de maior audiência da TV norte-americana: o Super Bowl – onde fez alusão aos Panteras Negras, grupo que surgiu em defesa aos negros na década de 1960. E isso trouxe grandes consequências para a cantora: parte do público conversador pediu um boicote à artista e às marcas que a patrocinavam.

Sem se abalar com as críticas e ameaças, ela apenas se tornou mais ativa e lançou grandes projetos, como ‘Formation’, ‘Black Parade’ e ‘Black is King’.
“Coloque-nos em qualquer lugar, nós vamos torná-lo bonito. Pandemia na passarela com meu traje de proteção. Crianças correndo pela casa e minha arte, só artistas negros”, diz a canção Black Parade.

E continua: “Ancestrais na parede, deixo os fantasmas baterem um papo. Segure minha mão, vamos rezar juntos. Deite, com rosto no cascalho, vestindo trajes brancos para o funeral. Amor preto, nós vamos ficar juntos. Curtis Mayfield no alto-falante, Malcolm X, Martin Luther King, misturados com mamãe Tina”.

“Precisamos de mais uma passeata, deixe eu chamar a Tamika. Precisamos de paz e reparação para o meu povo. F*dam-se esses cabelos escovados, eu vou deixá-lo enrolar. Coloque seus punhos para o alto, mostre o amor preto”.

Uma das cantoras mais requisitadas do país na atualidade, IZA é um grande exemplo para homens e mulheres pretas. Donas de diversos sucessos, a artista sempre propõe importantes reflexões ao seu público.

Ela afirma que mesmo estando em uma posição de visibilidade, ela ainda sofre racismo: “Por conta da minha profissão hoje, acho que essa questão do assédio, do preconceito e do racismo fica velada, mas não some. As pessoas têm aquele receio de se expressar da forma como elas gostariam”.

“Quando era criança, queria muito poder me ver na TV. A gente precisa se ver nos lugares para saber que podemos estar em qualquer lugar que desejamos. E isso está mudando”, comemorou as conquistas.

O recente ganhador do Grammy Latino Emicida é um grande pensador e compartilha com seu público importantes temas – seja em suas músicas, projetos visuais ou posicionamentos.

Em 2015, ele lançou um clipe para a música ‘Boa Esperança’ que trata sobre a sexualização do corpo negro, abusos e luta de classe. Em entrevista, ele disse qual problema do nosso país: “O Brasil aplaude a miscigenação quando clareia, quando escurece ele condena. […] O táxi não para pra você, mas a viatura para, esse é o problema urgente do Brasil”.

Thiaguinho é uma voz ativa contra o racismo, participando até mesmo de reuniões anti-racistas com Netinho de Paula e Mano Brown. Em uma publicação no Instagram, ele escancarou: “Nascemos e crescemos ouvindo e aprendendo sobre esse padrão, o mesmo que não nos encaixa de modo algum ou então, insere 1 preto a cada 20 brancos, porque é claro, o Brasil é “igualitário”. Em uma sociedade onde mais de 50% da população é negra, os espaços para nós, ainda são escassos”.

“Um sistema ignorante que nos coloca de escanteio em lugares que são nossos por direito, empurram uma triste realidade onde precisamos ser 5x mais em tudo, porque se não, olha aí, é só mais um(a) preto(a) preguiçoso(a)”.

E continuou: “Uns e outros, ainda batem no peito e afirmam “no Brasil, não existe racismo”. Bom, ou vivemos em uma realidade paralela ou nossos governantes não tem olhos para a população, o que você acha que faz mais sentido? E lá no alto, nos batemos novamente com aquele velho padrão… E eles ainda dizem que representam as massas, viu? Só esqueceram de dizer quais”.

Um dos principais nomes do rap atualmente, Djonga não tem medo de se posicionar. Em entrevista ao canal MOV.Show, ele disse acreditar que os brancos são ensinados a serem racistas: “O racismo é uma coisa estrutural no nosso país, então todo mundo é racista, principalmente as pessoas brancas”.

“Eu fui ensinado desde criança a ser um cara machista, e eu tenho que todo dia acabar com isso dentro de mim. Do mesmo jeito que toda a galera branca é ensinada a ser racista”, disse.

No clipe de Hat-Trick, ele indaga: “E se fosse ao contrário?”. A produção nos apresenta uma emocionante história de volta às origens de um personagem negro que pinta o rosto de branco.

Gilberto Gil, simplesmente um dos maiores ícones do país, lançou em 1984 a música ‘A mão da Limpeza’, que traz uma letra forte e reflexiva: “Mesmo depois de abolida a escravidão, negra é a mão de quem faz a limpeza.

“Lavando a roupa encardida, esfregando o chão, negra é a mão da pureza. Negra é a vida consumida ao pé do fogão. Negra é a mão nos preparando a mesa, limpando as manchas do mundo com água e sabão. Negra é a mão de imaculada nobreza”.

Falando sobre racismo, ele declarou: “Eu só fui perceber essas questões muito depois, na adolescência, na idade quase adulta. Foi no ginásio quando começou um pouco, pois meus pais me mandaram para um colégio da elite onde o número de negros era muito pequeno; de 400 alunos, tinham dez negros na melhor das hipóteses”.

“Então, ali as questões do racismo, da discriminação e do deslocamento social que aquele grupo étnico sofria começaram a surgir”.

Quando George Floyd foi asfixiado a morte por um policial branco, houveram protestos pela vida das pessoas negras, e Negra Li usou sua plataforma para apoiar quem estava lutando: “O que está acontecendo hoje é uma revolução. As pessoas não aguentam mais. Faz muito tempo que a gente não aguenta mais”.

“Temos que colocar esperanças nas crianças, o futuro da nossa nação, para que eles façam diferente e possam viver dias sem racismo, sem preconceito e com uma liberdade realmente verdadeira. Acredito que a gente ainda pode mudar o futuro da nossa nação”.

Ela ainda declarou: “A gente que é negro, que nasceu na periferia, já vive isso desde que veio ao mundo. Eu sofro racismo desde que me conheço por gente. A diferença hoje é que temos a internet para disseminar a informação e a revolta, então está tendo uma união”.

“Se alguém estiver sofrendo racismo, eu vou estar também. Quem ataca pela cor da pele não ataca uma pessoa, mas toda uma etnia. Como eu sendo negra não sofri racismo? Impossível”, revelou.

Para finalizar, ela alertou: “Você deve olhar ao redor. Quantas pessoas negras vocês estão vendo? Quais as funções delas nesses ambientes? Ela está sendo servida ou está servindo? [Tem que] questionar, pesquisar, conversar, ouvir e dar apoio a pessoas de etnias diferentes da de vocês”.

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